Martinha Morais de Oliveira, de 63 anos, está internada no Pronto-Socorro de Cuiabá desde o dia 18 de fevereiro e corre risco de amputação dos membros inferiores e até mesmo de óbito, caso não seja realizada com urgência uma cirurgia vascular. A paciente, que é viúva e mora em Sorriso (398 km de Cuiabá), ficou 14 dias aguardando no corredor do Pronto-Socorro até conseguir uma vaga na enfermaria.
A cirurgia que Martinha precisa fazer se chama “ponte-tromboendarterectomia aorto-femoral”, segundo relato médico. Ela está sendo medicada de hora em hora devido às fortes dores. O quadro dela é grave – apresenta aterosclerose de outras artérias, com dor associada à ausência de pulsos. Ela chegou a ficar até quatro dias sem conseguir se alimentar por conta dos efeitos colaterais da medicação.
“Não havia vaga em Sorriso. Minha mãe não conseguia andar, então decidi trazê-la para Cuiabá”, conta Roseli Pavan. A filha da idosa procurou a Defensoria Pública para agilizar a realização do procedimento. No entanto, o juiz do Juizado da Fazenda Pública não acatou a liminar, solicitando orçamentos do procedimento na rede hospitalar particular. “Entrei com uma petição ontem (19/3) para obter a liminar em face do estado e do município”, informou a defensora Shalimar Bencice e Silva.
Segundo Roseli, os hospitais particulares se recusam a fornecer orçamentos sem a realização de uma consulta, o que resultaria num custo inviável para a família. O médico que atende Martinha explicou que ela precisa da prótese de Dacron, que atualmente não estaria disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Vou conversar pessoalmente com o juiz. Há o risco de perda de membros e até mesmo de óbito em razão dessa obstrução da artéria femoral”, afirmou Shalimar, que pediu o acolhimento da tabela do SUS como referência para que o procedimento seja realizado.
Roseli já formalizou uma reclamação junto à Ouvidoria Municipal de Saúde de Cuiabá no dia 13 de março, queixando-se da demora na transferência da mãe para o Hospital Geral Universitário (HGU) para que seja feita a cirurgia, solicitada pelo próprio Pronto-Socorro no dia 25 de fevereiro.
“É tanto dinheiro pago por nós, contribuintes. Cadê esse dinheiro investido na saúde? É bem revoltante!”, afirmou Roseli, indignada com a situação. Ela mora em Nova Ubiratã (478 km de Cuiabá) e deixou de lado emprego, família e todos os compromissos para cuidar da mãe na capital.