Vencido o período crítico das queimadas no Pantanal mato-grossense e em outras regiões do Estado, a tropa da Força Nacional encerrou, nesta sexta (23), as atividades operacionais integradas com demais forças estaduais, de combate aos incêndios florestais. Os profissionais começaram a atuação no dia 23 de setembro, após o governador Mauro Mendes solicitar, da União, incremento de pessoal.
Mato Grosso registrou, em 2020, um acréscimo de 56% nos focos de calor no período de janeiro a 19 de outubro, se comparado com o mesmo período de 2019. Neste ano, foram registrados mais de 44 mil focos, enquanto que em 2019 foram 22.336 ocorrências. Ao todo, foram empregados 1.737 profissionais para o combate ao fogo, sendo 44 da Força Nacional.
No final da tarde desta quinta (22), na sede do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, em Cuiabá, foi realizado a solenidade de agradecimento pelas ações executadas em Mato Grosso.
“O trabalho da Força Nacional foi uma demanda solicitada via Governo do Estado e do secretário da Sesp, Alexandre Bustamante. Eles se apresentaram aqui e atuaram neste período de incêndio ambiental, principalmente na região do Pantanal mato-grossense. Importante destacar que o suporte veio no momento em que o Estado mais precisava. O Governo e a Secretaria agradecem por este trabalho desenvolvido. Sabemos que o suporte que nos deram, com a quantidade de profissionais, foi fundamental para questão do desenvolvimento do trabalho”, enfatizou o secretário adjunto de Integração Operacional da Sesp, coronel PM Victor Fortes.
O comandante do Corpo de Bombeiros Militar, coronel BM Alessandro Borges Ferreira, disse que a unidade fez um planejamento inicial de como seria a atuação no período de queimadas, contudo, a tropa precisou de reforço frente a situação do Estado. Os incêndios florestais aumentaram 89% em 2020, quando foram registradas 3.989 ocorrências. Enquanto que em 2019, no mesmo período de janeiro a 10 de outubro, foram 2.116 casos.
“Fizemos um trabalho calcado em planejamento e com o apoio do Governo do Estado com os investimentos, mas obviamente a situação se agravou este ano com a estiagem muito severa e umidade baixa. Com o agravamento, tivemos que buscar outro mecanismo para trazer um efetivo maior para trabalhar no combate a incêndios florestais. Foi isso que aconteceu no Estado, à medida que a situação agravou-se e a estiagem ficou mais longa, o Governo do Estado, junto com o secretário Alexandre Bustamante contactaram o Governo Federal e eles reforçaram o efetivo que estava aqui para fazer combate ampliado no Pantanal e outras áreas do Estado”, destacou o comandante.
Também no período de janeiro a 10 de outubro de 2020 foi registrado um aumento de 15% nas ocorrências de incêndio em vegetação. Neste ano somaram 3.394 ocorrências contra 2.938, em 2019.
“Mato Grosso enfrentou no ano de 2020, talvez um dos seus grandes desafios já enfrentados na área ambiental, um ano que teve uma estiagem, que alguns pesquisadores acreditam que foi o ano mais quente de últimos tempos. Tudo isso no meio de uma pandemia, onde tivemos grandes dificuldades de deslocar nossos efetivos. Tivemos servidores que foram contaminados, mas a parceria que tivemos com várias agências federais e estaduais foi fundamental para que a gente conseguisse fazer este combate e preservar o maior patrimônio ambiental que Mato Grosso tem, que é o Pantanal. É um patrimônio da humanidade que foi ameaçado, mas a resposta que foi dada foi eficiente, eficaz e conseguimos minimizar estes impactos que poderiam ser muito piores”, destacou o secretário Executivo da Sema, Alex Marega.
Enfrentamento
O Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) é a unidade que coordena todas as ações de operação no Estado. A central de monitoramento fica na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), que conta com membros da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Força Aérea do Brasil, Força Nacional, IBAMA ICMBio, CIOPAER, Prefeitura de Poconé e SESC Pantanal.
“Mais de 20 agências atuam no Ciman, sendo o núcleo, a Sema, a Sesp e Casa Civil. O trabalho começa no início do ano com atividades preventivas, depois atividades de preparação e capacitação das agências. O Estado de Mato Grosso serviu com integrador de diversos órgãos em diferentes níveis. O trabalho não acabou. O risco de acidente continua. Estamos desmobilizando algumas equipes, mas tudo isso com base de geomonitoramento”, frisou o coordenador do Ciman, tenente-coronel BM Dércio Santos da Silva.
Em resposta do resultado obtido no Estado, principalmente do combate ao fogo no Pantanal, o comandante da tropa da Força Nacional, major BM Wagner Alípio Espírito Santo, disse que leva o exemplo de Mato Grosso sobre uma atuação integrada.
“Foi uma missão muito árdua na questão de temperatura e na quantidade de locais que estavam queimando, mas graças ao trabalho conjunto das equipes, capitaneada pelo Governo e demais órgãos, que apoiaram ao longo desses 30 dias, conseguimos êxito, de acordo com a estratégia traçada. Fomos aos poucos debelando os focos, fazendo cobertura, principalmente de áreas estratégicas para o bioma Pantanal, sempre se preocupando em preservar a fauna e a flora. Para nós foi um desafio muito grande. O trabalho deu certo diante do esforço de todo, trabalho integrado, o Comitê Integrado é uma experiência muito inovadora para o Brasil, acho que tem que ser copiado o que foi feito em Mato Grosso em relação ao trabalho integrado das multiagências”, asseverou.
Além do incremento de efetivo, foram empregados cinco aeronaves e dois helicópteros, caminhões Auto Bomba Tanque (ABT), trator, pá carregadeira, dentre outros.
FONTE: https://www.rdnews.com.br/policia/agentes-da-forca-nacional-encerram-acao-no-pantanal-apos-1-mes-em-mato-grosso/135432