(Por Mariana da Silva – Especial para o Gazeta Digital)
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Quem pensa que cinema é só coisa de Hollywood e produção “gringa” está muito enganado. A partir de meados da década de 1990, a produção cinematográfica e audiovisual em Cuiabá foi impulsionada por leis de incentivo à cultura, como a Hermes de Abreu, conforme cita o professor do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Diego Baraldi.
De lá para cá, muito foi feito em longas e curtas-metragens, com cenas feitas no estado e também direção de artistas locais. Porém, apesar do crescimento ter ocorrido principalmente no fim do século passado, os primeiros registros de filmagens são do início dos anos 1900, feitos por Major Luiz Thomaz Reis, cinegrafista durante expedições da Comissão Rondon à Mato Grosso.
“Nos últimos anos, também incentivado por editais, o audiovisual cuiabano e mato-grossense teve um novo e intenso fluxo de produção. Muitos curtas e longas recentes têm circulado por mostras e festivais brasileiros e internacionais, e aos poucos têm chegado ao streaming. Esses filmes são portas de entrada importantes para nos reconhecermos em tela e ampliarmos percepções sobre as múltiplas facetas dessa paisagem geográfica e humana que está em jogo quando pensamos em Cuiabá e Mato Grosso”, ressalta.
Em ritmo de “aquecimento” para o aniversário de 305 anos de Cuiabá, o Gazeta Digital
fez uma curadoria de obras audiovisuais e preparou uma lista especial de filmes produzidos por cuiabanos, mato-grossenses, ou que foram gravados em Cuiabá e Mato Grosso, com temas regionais para valorizar a sétima arte local. Confira!
Cuiabá Sob o Olhar de Lázaro Papazian (2005)
Dirigido por Aliana Camargo e Cristiano Costa, o documentário “Cuiabá Sob o Olhar de Lázaro Papazian” mostra o espaço urbano de Cuiabá através dos registros históricos de fotógrafo e cinegrafista armênio Lázaro Papazian “Chau”, que em 1926 mudou-se para a cidade.
Lázaro registrou episódios da vida social e política da capital mato-grossense, sendo um dos poucos a fotografar e filmar acontecimentos da cuiabania, como a demolição da Igreja Matriz Senhor Bom Jesus de Cuiabá, em 1968, evento que marcou a busca pela modernização da cidade.
A obra foi premiada no 12º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (2005) e grande parte do acervo fotográfico de Papazian encontra-se preservado no Museu de Imagem e do Som de Cuiabá (MISC), onde são imortalizados momentos icônicos da cidade por meio das películas. Estima-se que ele tenha sido detentor de um acervo de mais de 20 mil fotografias e centenas de filmes ao longo da vida.
O documentário tem duração de 12 minutos e a classificação indicativa é livre.
Centro Histórico de Cuiabá (2000)
Dirigido por Bill Reino e lançado no ano de 2000, a obra “Centro Histórico de Cuiabá” foi produzida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em parceria com diversas instituições que promoveram o Concurso Nacional de Projetos Pró Centro Histórico de Cuiabá no ano 2000.
Com foco na arquitetura e infraestrutura da região, no coração da cidade, o documentário analisa as mudanças sociais e estruturais ao longo do tempo e une imagens antigas com as da época em que foi lançado. A obra também retoma a história da fundação e colonização de Cuiabá e narra o desenvolvimento da capital cuiabana desde as etapas do ciclo da mineração, da sedimentação administrativa e da modernização.
O roteiro é de Antônio Copriva, com texto de narração produzido por Júlio De Lamonica Freire, e a locução é de Gilberto Canavarros. O curta-metragem tem duração de 13 minutos e com classificação livre.
Ps. Glauber, Te Vejo em Cuiabá (1986)
Por ocasião da Mostra Tempo Glauber, realizada pelo Sesc em várias capitais brasileiras no ano de 1986, e promovida no Teatro da UFMT, o curta “Ps. Glauber, Te Vejo em Cuiabá”, dirigido por Glória Albues, conta com a participação dos atores Liu Arruda (1957-1999) e Meire Pedroso em entrevistas irônicas e ácidas com cidadãos comuns de diferentes extratos sociais pelas ruas da capital cuiabana.
Com questionamentos a população sobre a televisão brasileira, cultura, cinema, arte nacional, além da situação política e econômica do país, os artistas conversam com as pessoas de forma descontraída e bem humorada fazendo um retrato e quase uma crônica do que foi o Brasil e Cuiabá nos anos 80.
A produção é de Alfredo Carlos Martins e fotografia de Severino Reino. O curta tem duração de 16 minutos e tem classificação indicativa de 12 anos.
Licor de pequi (2016)
No curta de Marithê Azevedo, “Licor de Pequi” tem poética construída a partir de 3 gerações de mulheres: uma senhora (Lúcia Palma) que guarda a memória do lugar por meio de objetos que juntou durante a vida, mas está esquecendo as palavras; uma jovem poeta (Luana Costa) que busca a palavra geradora para escrever seus poemas; e a menina (Flor Leite), em fase de alfabetização, que descobre as palavras.
Uma conta histórias, a outra escreve poemas, a terceira solta pipa. As 3 habitam o mesmo espaço urbano, o Centro Histórico da cidade de Cuiabá, com casas abandonadas, casas habitadas e casas restauradas, todas com camadas distintas de memória.
O curta tem duração de 15 minutos e a classificação indicativa é livre.
Horizontem (2008)
Dirigido por pelos diretores Amauri Tangará e Tati Mendes, Horizontem foi lançado em 2008, e apresenta o cerrado de Chapada dos Guimarães – a Meca do Ecoturismo – invadido pela ambição de produzir cada vez mais, criando paisagens lunares onde habitam personagens esquecidos. Uma alegoria sobre o futuro iminente.
Com longa estrada no audiovisual mato-grossense, Amauri é roteirista, dramaturgo, cineasta, diretor teatral, preparador de atores, provocador cultural e ator. Tati Mendes é administradora, gestora cultural, parecerista, facilitadora de oficinas de cinema e produtora. Desde 1997, Amauri e Tati lideram a Cia D´Artes do Brasil.
O curta tem 15 minutos e classificação indicativa livre.
Pobre É Quem Não Tem Jipe (1997)
Também de autoria de Amauri Tangará e Tati Mendes, “Pobre É Quem Não Tem Jipe, lançado no ano de 1997, conta a história de um menino que queria conhecer o outro lado dos horizontes. Este é o primeiro filme mato-grossense realizado após o período da retomada do cinema brasileiro, a partir de incentivos da política pública de estímulo à produção cultural de Mato Grosso intitulada Lei Hermes de Abreu.
O curta tem 24 minutos e a classificação indicativa é livre.
Fonte:https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/veja-indicao-de-filmes-mato-grossenses-para-o-feriado/767373