Método causa menos efeitos colaterais que a quimioterapia, diz especialista
Novas opções para tratamento de pacientes com câncer em estado grave atuam de forma menos invasiva e mais eficaz do que a quimioterapoia. E ainda trazem mais qualidade de vida aos pacientes.
Uma delas é a imunoterapia, que atua no fortalecimento do sistema imunológico do paciente e combate as células doentes.
O oncologista Gabriel Zanardo explica que a imunoterapia representa uma nova estratégia que individualiza o tratamento dos pacientes, de forma que cada um receba quantidades específicas de medicamentos.
“Cada vez mais falamos em terapia alvo, que são medicamentos que agem em determinados pontos – ou celulares, impedindo o crescimento do tumor ou até mesmo ativando o sistema imune do paciente”, explica o médico.
O especialista relata que as medicações que fortalecem o sistema imune são o que há de mais moderno no mercado farmacêutico.
No entanto, as drogas ainda não são recomendadas para todos tipos de tumor, se restringindo por enquanto a pacientes com melanoma [câncer de pele] e cânceres de pulmão, bexiga, rim e do sistema gástrico.
Apesar da grande oferta de métodos milagrosos para eliminar as chances de se ter a doença, o médico diz não existir essa possibilidade. “Não há como zerar a chance de ter câncer”, afirma
Os efeitos colaterais do tratamento são diferentes dos vivenciados no tratamento tradicional.
“Não é possível saber com o sistema imune de outra pessoa será ativado. Com isso, as consequências da imunoterapia são previstas, mas não previsíveis”, explica.
Durante o tratamento, a pessoa pode apresentar hipotireoidismo e hipopituitarismo – relacionadas às glândulas endócrinas tireóide e pituitária. “São doenças autoimunes, mas não são frequentes. Não tem queda de cabelo e dificilmente há náusea e vômito. Apesar de relatos de efeitos colaterais, os pacientes são tratados e vivem bem”, disse.
Qualidade de vida
O tumor em fase de metástase é quando uma célula tumoral sai do órgão de origem e se espalha por um ou mais órgãos. Muitos acreditam que, quando o câncer chega nesta fase, se trata de uma sentença de morte. Gabriel Zanardo explica que essa ideia não é verdadeira.
“Na verdade, o paciente só tem uma doença um pouco mais complexa, mas existe tratamento que, neste caso, visa ao controle da doença. Dificilmente eu vou conseguir falar em cura, mas isso não significa que não tenha tratamento, e que o paciente não consiga viver bem, desde que tratando daquela doença”.
O médico explica que assim como outras doenças, o tratamento permite que o paciente viva como outros portadores de doenças crônicas.
“Assim como a pressão alta e o diabetes são doenças que não têm cura, mas tratamento, a ideia é fazer com que o câncer, mesmo em fases incuráveis, tenha um tratamento que permita a vida com qualidade”, disse.
Como os métodos alternativos não servem a todos os tipos de câncer, a quimioterapia ainda é a realidade para o tratamento de muitos casos. O especialista explica que houve evolução também neste ponto.
“Hoje, o estereótipo de que o paciente vomita durante e depois da quimioterapia, de que não consegue sair de casa, não é mais realidade. É óbvio que a quimioterapia tem seus efeitos colaterais, mas nós temos no mercado medicações mais modernas que evitam que o paciente tenha náusea, por exemplo, e permitem que o paciente, mesmo em tratamento, consiga ter qualidade de vida”, afirma o médico.
“Pílula do Câncer”
Em meados de 2015, a “pílula do câncer”, que prometia curar todos os tipos de tumores sem grandes efeitos colaterais, ficou famosa e foi alvo de polêmica.
Após estudos, a fosfoetanolamina foi proibida de ser comercializada e estudos apontaram a ineficiência do suposto medicamento.
Em Cuiabá, o especialista Zanardo conta que teve um paciente que fez uso, mas que não constatou melhora nenhuma.
“Felizmente, isso caiu em desuso. Nós tivemos o próprio trabalho do Ministério da Saúde, que fez um estudo sobre a efetividade da fosfoetalonamina e ela foi claramente negativa no tratamento do câncer. Isso foi exterminado da cultura e, graças a Deus, nenhum paciente toca mais no assunto”, relata o médico.
Como evitar?
Apesar da grande oferta de métodos milagrosos para eliminar as chances de se ter a doença, o médico diz não existir essa possibilidade. “Não há como zerar a chance de ter câncer”, afirma.
De acordo com especialista, o fumo, a bebida alcoólica em excesso, o sedentarismo e a má alimentação são fatores que contribuem para formação de células tumorais. No entanto, afirma ele, não há como associar a formação de um câncer apenas a esses hábitos.
O fator hereditário também não é primordial. “Os hereditários são poucos. Estima-se que de 5% a 10% dos tumores de mama são passados de mãe para filha. Mas existe sim, uma forte tendência quando existe a mutação de alguns genes chamados BRCA 1 e BRCA 2, que aumentam a chance de um familiar ter o câncer”.
Nesses casos, de grandes chances de desenvolvimento de tumor hereditariedade, o médico conta que existe uma espécie de protocolo em que são levadas em conta algumas variáveis.
“Depende da idade do caso ‘index’. Um tumor de Cólon [intestino grosso], por exemplo, nós normalmente começamos a triagem com 10 anos a menos da idade do caso ‘index’. Se o pai do paciente teve o tumor com 40 anos, eu começo a triagem do filho com 30”, explica.
Fonte: http://www.midianews.com.br