As cinco primeiras fases da Operação Ararath resultaram na recuperação de R$ 1,47 bilhão em impostos sonegados, dos quais R$ 431 milhões já são definitivos. Segundo o coordenador operacional nacional da Receita Federal, Sérgio Savaris, trata-se do maior montante em créditos tributários já recuperado no Brasil, em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – proporcionalmente maior até mesmo que a Lava Jato.
“Muitas coisas que aprendemos aqui estão sendo replicadas para outras operações afirmou Savaris, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (14). Ele explicou que, para chegar ao valor, são calculadas alíquotas sobre o dinheiro movimentado, cada montante de acordo com o imposto devido, como imposto de renda e outros impostos federais. Entre os recursos recuperados, estão R$ 55 milhões bloqueados da família do ex-deputado José Riva.
Outros R$ 528 milhões de recursos públicos desviados foram ressarcidos (dos quais R$ 228 milhões foram fruto de 17 acordos de colaboração premiada e R$ 300 milhões foram bloqueados), e mais R$ 500 milhões estão na mira do Ministério Público Federal (MPF), nos 43 inquéritos policiais que ainda estão em andamento.
Entre os delatores que devolveram recursos, estão o empresário Gércio Marcelino Mendonça Junior, conhecido como Junior Mendonça, o ex-governador Silval Barbosa (MDB), sua esposa Roseli e seu filho Rodrigo, e seu ex-chefe de gabinete, Silvio Corrêa.
“Em nenhum outro Estado se conseguiu resultados tão expressivos com essa sinergia entre as instituições. A Ararath é um marco. Essa operação revelou ao Brasil e ao mundo as relações espúrias que existiam há muito tempo em Mato Grosso”, disse o superintendente da Polícia Federal, delegado Áderson Vieira Leite. Ele destacou que a Ararath se desdobrou ainda em operações tocadas na esfera estadual, como Sodoma, Ventríloquo e Cartas Marcadas.
Das 38 ações penais abertas, três já tiveram sentenças, condenando os ex-secretários Eder Moraes e Vivaldo Lopes, o ex-superintendente do BICBanco Luiz Carlos Cuzziol, e os irmãos advogados Kleber e Alex Tocantins. São investigados crimes financeiros, operação ilegal e gestão fraudulenta de instituição financeira, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes tributários e organização criminosa.
“O esquema foi montado, basicamente, para financiar campanhas eleitorais”, explicou o procurador-chefe do MPF em Mato Grosso, Gustavo Nogami. A partir daí, foram ocorrendo os crimes financeiros, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro
Fonte: https://www.olivre.com.br